domingo, 19 de abril de 2009

Pronunciou várias vezes o nome dele como quem diz: “meu amor”.
(Desses recursos que os amantes esbanjam)

Porque amar mesmo só se sabia assim: largo, dentro, na parte mais vasta,com todas as esperanças castas e os gestos despidos de qualquer resquício de medo.
(Dessas sabedorias que o perdão nos dá)

Permitir-se tanto era como se a casa do seu corpo fosse visitada todos os dias pela alegria.
(Dessas coisas que um corpo sabe escrever no outro)

Ele, o mesmo, o de sempre, de repente, revelando-lhe belezas tão inéditas e sensualidades que não estavam submetidas à posse.
(Desses encontros que duram)

Tinha tanta alvura naquele sentimento como quando os anjos da guarda de um casaltambém se apaixonam.
(Dessas magias)

E o sol que provavelmente estaria lá fora, ela via nascer por dentro.
(Dessas coisas que acordam o dia mais cedo)

Foi didática enquanto o amava.
(Dessas gramáticas do corpo)

Era uma querência já sem desespero, mas intensa.Vontade de dedilhar num violão aquele sorriso até encontrar o melhor dos adjetivos.
(Dessas coisas que viram música)

Estavam felizes sem modéstia ou culpa,como se as flores fizessem aniversário.
(Desses momentos que esmagam antigas tristezas)

Eles, o dia, inteiros,a noite,intensos, a madrugada, nus:e o experienciar de todas aquelas emoções sem títulos.
(Dessas coisas que não se abrevia, que se eternizam)


M.Q.