Marginal é quem escreve à margem,
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.
Marginal, escrever na entrelinha,
sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha.
PAULO LEMINSKI
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Soa estranho, esta manhã,
tudo o que sempre foi meu, como pode?
Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
pareça ficção científica?
Como pode que esta palavra,
que já vi mil vezes e mil vezes disse,
não signifique mais nada,
a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo não é nada disso?
Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto.
Paulo Leminski
tudo o que sempre foi meu, como pode?
Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
pareça ficção científica?
Como pode que esta palavra,
que já vi mil vezes e mil vezes disse,
não signifique mais nada,
a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo não é nada disso?
Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto.
Paulo Leminski
Minha cabeça cortada
Joguei na tua janela
Noite de lua
Janela aberta
Bate na parede
Perdendo dentes
Cai na cama
Pesada de pensamentos
Talvez te assustes
Talvez a contemples
Contra a lua
Buscando a cor de meus olhos
Talvez a uses
Como despertador
Sobre o criado-mudo
Não quero assustar-te
Peço apenas um tratamento condigno
Para essa cabeça súbita
De minha parte
Paulo Leminski
Joguei na tua janela
Noite de lua
Janela aberta
Bate na parede
Perdendo dentes
Cai na cama
Pesada de pensamentos
Talvez te assustes
Talvez a contemples
Contra a lua
Buscando a cor de meus olhos
Talvez a uses
Como despertador
Sobre o criado-mudo
Não quero assustar-te
Peço apenas um tratamento condigno
Para essa cabeça súbita
De minha parte
Paulo Leminski
se amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cindo mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
Paulo Leminski
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cindo mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
Paulo Leminski
Imprecisa Premissa
Cidades pequenas,
como dói esse silêncio,
cantilenas, ladainhas,
tudo aquilo que nem penso,
esse excesso
que me faz ver todo o senso,
imprecisa premissa,
definitiva preguiça
com que sobe, indeciso,
o mais ou menos do incenso.
Vila de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais,
tende piedade de nós.
Paulo Leminski
como dói esse silêncio,
cantilenas, ladainhas,
tudo aquilo que nem penso,
esse excesso
que me faz ver todo o senso,
imprecisa premissa,
definitiva preguiça
com que sobe, indeciso,
o mais ou menos do incenso.
Vila de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais,
tende piedade de nós.
Paulo Leminski
undergroundblitzkriego
clouse-up do souvenir
o ersatz do harakiri
o marketing de pindorama
Paulo Leminski
o ersatz do harakiri
o marketing de pindorama
Paulo Leminski
Você
Que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e com mágoa
quando está com sede
e não tem água
você só você
que a gente segue
até que acaba
em cheque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
Pode ser tua voz
teu zumzumzum
todo susto
sob a forma
de um súbito arbusto
seixo solto
céu revolto
pode ser teu vulto
ou tua volta
Paulo Leminski
Que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e com mágoa
quando está com sede
e não tem água
você só você
que a gente segue
até que acaba
em cheque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
Pode ser tua voz
teu zumzumzum
todo susto
sob a forma
de um súbito arbusto
seixo solto
céu revolto
pode ser teu vulto
ou tua volta
Paulo Leminski
desastre de uma idéia
só o durante dura
aquilo que o dia adiante adia
estranhas formas assume a vida
quando eu como tudo que me convida
e coisa alguma me sacia
formas estranhas assume a fome
quando o dia é desordem
e meu sonho dorme
fome da china fome da índia
fome que ainda não tomou cor
essa fúria que quer
seja lá o que for
Paulo Leminski
só o durante dura
aquilo que o dia adiante adia
estranhas formas assume a vida
quando eu como tudo que me convida
e coisa alguma me sacia
formas estranhas assume a fome
quando o dia é desordem
e meu sonho dorme
fome da china fome da índia
fome que ainda não tomou cor
essa fúria que quer
seja lá o que for
Paulo Leminski
voar com a asa ferida?
abram alas quando eu falo.
que mais que eu fiz na vida?
fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
a asa arde. voar, isso não dói.
Paulo Leminski
abram alas quando eu falo.
que mais que eu fiz na vida?
fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
a asa arde. voar, isso não dói.
Paulo Leminski
Disfarça, tem gente olhando.
uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando
olhando ou sendo olhado
Outros olham pra baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Leminski
uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando
olhando ou sendo olhado
Outros olham pra baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Leminski
Merda e ouro
Merda é veneno.
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada
Paulo Leminski
No entanto, não há nada
que seja mais bonito
que uma bela cagada.
Cagam ricos, cagam pobres,
cagam reis e cagam fadas.
Não há merda que se compare
à bosta da pessoa amada
Paulo Leminski
Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
quem sabe mal digo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
assim me falo,eu,mínima,
quem sabe,eu sinto,mal sabe.
esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longinqua,
a voz,além,nem palavra.
O dialeto que se usa
á margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu,meio,eu dentro,eu,quase.
Já disse de nós.
Já disse de mim.
Já disse do mundo.
Já disse agora,
eu que já disse nunca.
Todo mundo sabe,
eu já disse muito.
Tenho a impressão
Que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.
Paulo Leminski
qualquer um percebe.
quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
quem sabe mal digo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
assim me falo,eu,mínima,
quem sabe,eu sinto,mal sabe.
esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longinqua,
a voz,além,nem palavra.
O dialeto que se usa
á margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu,meio,eu dentro,eu,quase.
Já disse de nós.
Já disse de mim.
Já disse do mundo.
Já disse agora,
eu que já disse nunca.
Todo mundo sabe,
eu já disse muito.
Tenho a impressão
Que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.
Paulo Leminski
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
A lua no cinema
A Lua foi ao cinema,
Passava um filme engraçado,
A históra de uma estrela
Que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
Uma estrela bem pequena,
Dessas que quando apagam,
Ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
Ninguém olhava para ela,
E toda a luz que ela tinha
Cabia numa janela.
A Lua ficou tão triste
Com aquela história de amor,
Que até a Lua insiste:
-Amanheça, por favor!
Paulo Leminski
Passava um filme engraçado,
A históra de uma estrela
Que não tinha namorado.
Não tinha porque era apenas
Uma estrela bem pequena,
Dessas que quando apagam,
Ninguém vai dizer, que pena!
Era uma estrela sozinha,
Ninguém olhava para ela,
E toda a luz que ela tinha
Cabia numa janela.
A Lua ficou tão triste
Com aquela história de amor,
Que até a Lua insiste:
-Amanheça, por favor!
Paulo Leminski
desencontrários
Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.
Paulo Leminski
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.
Paulo Leminski
Enchantagem
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo
esperenças, cheguei
tarde demais como uma lágrima
de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer desejar
quem quer seja
tem calendário de tristeza
pra celebrar
de tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece verdade
o pau da vida
o vinagre
vinho suave
pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade
Paulo Leminski
acabo de ser culpado de tudo
esperenças, cheguei
tarde demais como uma lágrima
de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito de ser verbo sem sujeito
pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito
que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer desejar
quem quer seja
tem calendário de tristeza
pra celebrar
de tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece verdade
o pau da vida
o vinagre
vinho suave
pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade
Paulo Leminski
Um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado,
como se chegando atrasado andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa
um milhão de dolares
ou coisa que o valha
Alcool, eter, analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
morrer vai ser
a minha ultima obra
Paulo Leminski
é muito mais elegante
caminha assim de lado,
como se chegando atrasado andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa
um milhão de dolares
ou coisa que o valha
Alcool, eter, analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
morrer vai ser
a minha ultima obra
Paulo Leminski
Por uma besteira
Aborrecimentos da vida
são sempre um pouco tolos.
Não sei porque de repente
nos importam, detalhes tão banais.
E que nos fazem perder o dia!
Ou talvez mais.
E na vida há tantos problemas maiores que
eu devia ficar contente.
Eu que empurre pra fora
os aborrecimentos da mente.
Paulo Leminski
são sempre um pouco tolos.
Não sei porque de repente
nos importam, detalhes tão banais.
E que nos fazem perder o dia!
Ou talvez mais.
E na vida há tantos problemas maiores que
eu devia ficar contente.
Eu que empurre pra fora
os aborrecimentos da mente.
Paulo Leminski
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Piercing
"Quando o homem inventou a roda
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecorado na tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele como sinto como passo
Carne viva atrás da pele aqui vive-se à mingua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palma da platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência
Demência, felicidade, propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
O inferno é escuro não tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico
Quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama
Tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira
Quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
(Zeca Baleiro)
logo Deus inventou o freio,
um dia, um feio inventou a moda,
e toda roda amou o feio"
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Pra elevar minhas idéias não preciso de incenso
Eu existo porque penso tenso por isso existo
São sete as chagas de cristo
São muitos os meus pecados
Satanás condecorado na tv tem um programa
Nunca mais a velha chama
Nunca mais o céu do lado
Disneylândia eldorado
Vamos nós dançar na lama
Bye bye adeus Gene Kelly
Como santo me revele como sinto como passo
Carne viva atrás da pele aqui vive-se à mingua
Não tenho papas na língua
Não trago padres na alma
Minha pátria é minha íngua
Me conheço como a palma da platéia calorosa
Eu vi o calo na rosa eu vi a ferida aberta
Eu tenho a palavra certa pra doutor não reclamar
Mas a minha mente boquiaberta
Precisa mesmo deserta
Aprender aprender a soletrar
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Não me diga que me ama
Não me queira não me afague
Sentimento pegue e pague emoção compre em tablete
Mastigue como chiclete jogue fora na sarjeta
Compre um lote do futuro cheque para trinta dias
Nosso plano de seguro cobre a sua carência
Eu perdi o paraíso mas ganhei inteligência
Demência, felicidade, propriedade privada
Não se prive não se prove
Dont't tell me peace and love
Tome logo um engov pra curar sua ressaca
Da modernidade essa armadilha
Matilha de cães raivosos e assustados
O presente não devolve o troco do passado
Sofrimento não é amargura
Tristeza não é pecado
Lugar de ser feliz não é supermercado
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
O inferno é escuro não tem água encanada
Não tem porta não tem muro
Não tem porteiro na entrada
E o céu será divino confortável condomínio
Com anjos cantando hosanas nas alturas nas alturas
Onde tudo é nobre e tudo tem nome
Onde os cães só latem
Pra enxotar a fome
Todo mundo quer quer
Quer subir na vida
Se subir ladeira espere a descida
Se na hora "h"o elevador parar
No vigésimo quinto andar der aquele enguiço
Sempre vai haver uma escada de serviço
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
Todo mundo sabe tudo todo mundo fala
Mas a língua do mudo ninguém quer estudá-la
Quem não quer suar camisa não carrega mala
Revólver que ninguém usa não dispara bala
Casa grande faz fuxico
Quem leva fama é a senzala
Pra chegar na minha cama
Tem que passar pela sala
Quem não sabe dá bandeira
Quem sabe que sabia cala
Liga aí porta-bandeira não é mestre-sala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
E não se fala mais nisso
Mais nisso não se fala
Tire o seu piercing do caminho
Que eu quero passar
Quero passar com a minha dor
(Zeca Baleiro)
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