terça-feira, 27 de novembro de 2007

Esta língua não é minha,
qualquer um percebe.
quando o sentido caminha,
a palavra permanece.
quem sabe mal digo mentiras,
vai ver que só minto verdades.
assim me falo,eu,mínima,
quem sabe,eu sinto,mal sabe.
esta não é minha língua.
A língua que eu falo trava
uma canção longinqua,
a voz,além,nem palavra.
O dialeto que se usa
á margem esquerda da frase,
eis a fala que me lusa,
eu,meio,eu dentro,eu,quase.

Já disse de nós.
Já disse de mim.
Já disse do mundo.
Já disse agora,
eu que já disse nunca.
Todo mundo sabe,
eu já disse muito.

Tenho a impressão
Que já disse tudo.
E tudo foi tão de repente.


Paulo Leminski